29.5.09

Tudo parou, a moça desceu. E agora o que?

Eram duas horas da tarde, e o sol estava estranhamente a pino. A sombra de Lúcia pairava sobre o chão de forma colossal; uma vasta escuridão em cima das lajotas. Teque teque fazia seu salto, não estava acostumada com esse tipo de artifício. Era o que era e ponto. Para que o salto e todo-o-faz-de-conta? Revirou os olhos como quem não entende e apressou o passo. Agora já faltava pouco. Teque teque, teque teque e para. Lá estava o prédio, a porta de madeira assustadora. Grades, tudo cinza e um pernambucano: - Fala seu Altair! Posso subir?. Teque teque, claro. O Sorriso de nervosismo é aparente. Desfranze a testa e chama o elevador.
Todos sabem porque estava lá. Fazia tempo que ela não o visitava. Foi-se ouvido gritos naquela madrugada, algumas expressões roucas e um- súbito -silêncio sepulcral. Depois disso, nada mais de Lúcia no Edifício Torres.

O Elevador chegou, entrou e ajeitou o vestido vermelho. Discretamente nota a câmera de segurança, acena para o pernambucano do outro lado da fibra óptica e aperta o 12. Aqui vai ela.
Estava espremida, parecia que subia com outros cem, mil no mesmo elevador, respirando do mesmo ar e sofrendo da mesma agonia. Não era mulher de desistir, era Coragem e nada a detia. Arrumou o cabelo, desgrudou uma mecha do gloss e esperou pelo pior.

Tudo parou, a moça desceu. E agora o que?

24.5.09

Em crise. Faltam as ideias e as palavras. E o Tempo. Eu volto quando souber o que fazer com aquilo que ainda me resta.

18.5.09

A Balada das Cinco cordas

e Um, dois-três quatro cinco... e Um, dois-três quatro cinco.
Segue o ritmo;
apaguei.

Falemos de você, como vai, como vem, o que há. Falemos do tempo, se chove, se neva, e o sol? Falemos de tudo, um pouco, para todos, enfim! E de nós? Sim? O cheiro voltou!
E bate e desbate e canta e pula e sorri, ah o seu sorriso é novo! Eu ainda não sei tudo que ele causa em mim. Surpresa, ah esse cheiro! O que é? Colônia? Possibilidades...!

E ticetac e a falta que você me faz sem saber porque é que a causa. Vou te desvendar, e é logo... você vai ver.
É o cheiro da paixão nova, como é bom!

13.5.09

don't let me down, don't let me down.


Sou atraída por cheiros. Ao que eles me remetem, ao que eles me causam. Sou boa de olfato.
O que isso tem a ver, é justo aí que eu não sei. Passou uma buzina pela minha cabeça e apagou toda a ideia original. Just vanished away.

Sinto que partes do meu corpo querem desistir, e só tem uma pequena parte de mim que quer puxar o barco. Como eu gosto de ser a coitada, cade a coragem que morava aqui?
Unhas quebradas, espinhas.. calças apertadas. Aqui mora o caos (de novo). Da onde vai vir a estrela é que eu não sei.
É o fundo, o fundo do poço. Porque o que a gente passa sempre é pior do que já foi, e porque nada foi tão ruim como o presente. Arranca pedaços de você e sorrir dói.

Isto é sincero, sem maquiagem. Não há base para disfarçar a minha cara, a minha canseira e a minha frustração de nadar e nunca chegar à praia. E nada que eu faço é bom, nada presta, tudo queima e vira cinza. Pequenas e intragáveis.

Não sei o que me falta, ou se tenho algo que me excede. Na razão não dá pra mandar, pelo menos não na minha que não confia em ninguém - nem em si mesma.

Sei que vai passar, afinal tudo sempre acaba bem. É a roda da vida, todos passamos por isso e é fim.

6.5.09

As flores desbotaram, assim como a cor de seu vestido, do seu rosto e da sua alma. Tropeçou e quis cair, mas o vento não deixou. Devia flutuar, devia ir até não poder ir mais. Não controlava seus pés, nem o vento e nem seus pensamento indecentes. Pensava nele e naquilo mais vezes do que deveria, do que sua mãe (ave-maria!) gostaria e enfim.



Mas dentro dela ninguém atingia. O que era dela era só ela, ela era só dela e já estava bom. Por enquanto. Quem manda na canção? Ela só assobiava acompanhando.

Então as favas com tudo! com os problemas que ela criava, com as ideias que ela queria ter. Que o diabo (ave-maria!!) carregasse tudo pro inferno. Se ela fosse parar lá por ventura depois do 'para sempre', ah... com isso ela se preocupava depois.



Vai é aproveitar, chutar a coitadinha, a perfeição. Era gente, Deus do céu! Tinha o direito de viver, de ser e errar. De ir e de voltar, de sentir, de amar e querer.. PRECISAR ser amada!



Então, que viesse o mundo! Que viessem os navios em brasa, as noites mal dormidas... os sonhos! O Calor, o suspiro... O sonho!



Que tudo a levasse, no vento.